sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Especial: Conheça as histórias de filhas e filhos de coração Yahoo! NotíciasPor Por Fernanda Pompeu, especial para o Yahoo Brasil! | Yahoo! Notícias – qui, 23 de fev de 2012

A transparência evita o drama
Ricardo Fischer também acredita que a sociedade e os pais adotivos devem evitar demonizar as mães biológicas. Ele dá duas dicas para os pais que adotam: "Contar sempre a verdade para a criança e não sentir medo se o filho quiser procurar por suas origens. Eu encontrei a minha mãe de sangue, mas nunca deixei de amar a mulher e o homem que me adotaram."

Mas há quem não esteja nem aí com a família biológica. Esse é o caso de Gabriel de Oliveira Câncio Figueirêdo, 15 anos, estudante. Ele foi adotado com apenas alguns dias de vida. Gabriel garante que se sente totalmente integrado na família de adoção: "Meus pais são duros quando é preciso ser. Cobram os estudos e o bom comportamento. Mas o resto do tempo são só amor."

Gabriel continua: "Sinceramente não sinto nenhuma curiosidade em relação aos meus pais biológicos. Eu sempre soube que não vim da barriga da minha mãe adotiva. Sempre soube que fui uma escolha dela e do meu pai. Portanto, sou filho deles e de mais ninguém. O resto é blablablá."
 A irmã de Gabriel, Luciana, 27 anos, formada em Administração de Empresas, conheceu a mãe biológica: "Ela trabalhava na casa dos meus futuros avós paternos. Convivi com ela até os meus seis anos, mas sempre desejei ser filha do casal que me adotou. E não me arrependo um milímetro".

Hoje, grávida de sete meses de uma menina, Luciana diz que às vezes sente vontade de saber da mãe de sangue, mas às vezes não. "Eu fui tão bem recebida pela minha nova família que me senti completa. Me sinto muita amada, não só pelos meus pais, mas também pelos meus irmãos, todos adotados, e pelos meus avós paternos e maternos. Família é isso, não é?"

"Meus pais adotivos são tudo de bom. Para mim não faz a menor diferença ser adotada ou não", quem diz isso é a estudante de 16 anos Julia Stark. Ela acredita que se existe alguma tipo de reserva em relação a filhos adotivos, ela está muito mais na sociedade do que na família que adotou.

Julia conta que, no ano passado, quando cursava o segundo ano do ensino médio, uma colega disparou: "Julia, conheci seus pais, ele tem olhos claros e sua mãe é bem branquinha. Já você é moreninha. Não vai me dizer que você é adotada?!”. Julia respondeu que sim e acredita que a colega não gostou nada.

"Mas tudo bem. O preconceito é dela, não meu. Meus pais adotivos me escolheram quando eu ainda estava na barriga da outra mulher. Eu e minha irmã somos adotadas e formamos uma família muito legal. Sabe por quê? Porque pai e mãe de verdade são aqueles que amam e que levam os filhos a sério", conclui a resoluta Julia.

A ideia de que família é um lugar de apoio e de amor, muito mais do que um lugar de laços de sangue e transmissão de tradições, tem ganhado força no Brasil moderno. A desembargadora Maria Berenice Dias costuma dizer que "onde há afetividade, há família". Não importando se essa família é dirigida por um homem e uma mulher, por dois homens, por duas mulheres. Ou por tios, ou por avós.

A doutora em Serviços Social Vera Lion, do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (Ibeac), acredita que todas as novas configurações familiares são válidas: "O que de fato interessa para uma criança ou um adolescente é encontrar proteção e afeto. Muitas vezes, eles vão encontrar isso fora das famílias do modelo tradicional homem e mulher, ou do modelo pai e mãe biológicos".

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